terça-feira, 29 de maio de 2012

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Quer saber mais sobre Joaquim de Sousa Andrade

Complementando texto
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Link para mais informações sobre Sousândrade:
             
1º    http://pt.wikipedia.org/wiki/Sous%C3%A2ndrade

2º   http://www.jornaldepoesia.jor.br/soua.html#bio.


 
Sousândrade, nome Joaquim de Sousa Andrade nascido na vila de Guimarães, no Maranhão, formou-se em Letras pela Sorbonne, em Paris, onde fez também o curso de engenharia de minas. Republicano convicto e militante, transfere-se, em 1870, para os Estados Unidos. Morando em Nova Iorque, funda o periódico republicano "O Novo Mundo", publicado em português. Retornando ao Maranhão, comemora com entusiasmo a Proclamação de República. Dedica-se ao ensino de Língua Grega no Liceu Maranhense e passa, no final da vida, por enormes dificuldades financeiras.
       Morre em São Luís, abandonado, na miséria e considerado louco. Sua obra foi esquecida durante décadas. Resgatada no início da década de 1960, pelos poetas Augusto e Haroldo de Campos, revelou-se uma das mais originais e instigantes de todo o nosso Romantismo. Em Nova Iorque, publica sua maior obra, o poema longo O Guesa Errante, em que utiliza recursos expressivos, como a criação de neologismos e de metáforas vertiginosas, que só foram valorizados muito depois de sua morte.
     Em 1877, escreveu: "Ouvi dizer já por duas vezes que o Guesa Errante será lido 50 anos depois; entristeci - decepção de quem escreve 50 anos antes".
       Sucessivamente ampliada e corrigida nos anos seguintes. No período de 1871a 1879 foi secretário e colaborador do periódico O Novo Mundo, dirigido por José Carlos Rodrigues em Nova York (EUA).

Publicou seu primeiro livro de poesia, Harpas Selvagens, em 1857.


Sousândrade


O Guesa / Canto terceiro


As balseiras na luz resplandeciam —
oh! que formoso dia de verão!
Dragão dos mares, — na asa lhe rugiam
Vagas, no bojo indômito vulcão!
Sombrio, no convés, o Guesa errante
De um para outro lado passeava
Mudo, inquieto, rápido, inconstante,
E em desalinho o manto que trajava.
A fronte mais que nunca aflita, branca
E pálida, os cabelos em desordem,
Qual o que sonhos alta noite espanca,
"Acordem, olhos meus, dizia, acordem!"
E de través, espavorido olhando
Com olhos chamejantes da loucura,
Propendia p'ra as bordas, se alegrando
Ante a espuma que rindo-se murmura:
Sorrindo, qual quem da onda cristalina
Pressentia surgirem louras filhas;
Fitando olhos no sol, que já s'inclina,
E rindo, rindo ao perpassar das ilhas.
— Está ele assombrado?... Porém, certo
Dentro lhe idéia vária tumultua:
Fala de aparições que há no deserto,
Sobre as lagoas ao clarão da lua.


Imagens do ar, suaves, flutuantes,
Ou deliradas, do alcantil sonoro,
Cria nossa alma; imagens arrogantes,
Ou qual aquela, que há de riso e choro:
Uma imagem fatal (para o ocidente,
Para os campos formosos d'áureas gemas,
O sol, cingida a fronte de diademas,
índio e belo atravessa lentamente):
Estrela de carvão, astro apagado
Prende-se mal seguro, vivo e cego,
Na abóbada dos céus, — negro morcego
Estende as asas no ar equilibrado.

quinta-feira, 17 de maio de 2012


Harpa XXVI
- Fragmentos do Mar
(...)

Meneia a larga cauda e as barbatanas
Limoso leviatã cheio de conchas
Com dorso de rochedo que ondas cercam;
Cristalinos pendões planta nas ventas,
De brilhantes vapores, que em bandeiras
Íris enrolam de formosa sombra.
Negra fragata lá circula as asas
Sobre a nuvem dos peixes voadores.
Agora rompe a nau lençóis infindos
Que o mar tépido choca, e vindo a aurora
Já salta a criação d'escamas belas.